Mitos sobre o Câncer

As mídias sociais e os aplicativos de comunicação instantânea quebraram a barreira da comunicação, permitindo o contato virtual e a troca de informações muito rapidamente e sem limites geográficos.
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No entanto, quando uma informação recebida despertar sua curiosidade, é fundamental analisa-la de maneira crítica e checar sua veracidade antes de passa-la a diante.

Açúcar alimenta o câncer? Graviola cura o câncer? Usar sutiã causa câncer? Fosfoetanolamina cura o câncer? Celular causa o câncer? Saiba mais sobre a resposta para essas e outras dúvidas.

O câncer é uma sentença de morte?

Não. A probabilidade de morrer por câncer tem diminuído progressivamente nas últimas décadas. A taxa de sobrevida em 5 anos (ou seja, o percentual de pessoas vivas em 5 anos após o diagnóstico) para alguns tipos de câncer como os de mama e próstata são maiores que 90%. Segundo dados norte-americanos, o a taxa de sobrevida em 5 anos para todos os tipos de câncer combinado é atualmente em torno de 67%.

É importante destacar, no entanto, que os números estatísticos são baseados em dados de um grande número de pessoas, ou seja, populacionais. Não se aplicam necessariamente a um indivíduo em específico. Quanto tempo um indivíduo irá viver após o diagnóstico de câncer não é previsível com exatidão e depende de muitos fatores, como o tipo e subtipo de câncer, o estágio da doença, o tratamento instituído, o estado de saúde geral etc.

Açúcar alimenta o câncer ou faz o câncer piorar?

Não. É um fato científico que as células malignas consomem mais açúcar (glicose) que as células normais. Porém, não há evidência científica que comer açúcar faz o câncer crescer ou que parar de comer açúcar faz o câncer reduzir ou desaparecer. No entanto, uma dieta com muito açúcar contribui para o ganho de peso, e a obesidade aumenta o risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer.

Adoçantes artificiais causam câncer?

Não. No Brasil, existem sete adoçantes artificiais liberados pela ANVISA: sacarina, aspartame, acessulfame-K, sucralose, neotame, estévia e ciclamato. Até o momento, os estudos não conseguiram mostrar qualquer evidência de que adoçantes artificiais causam câncer em seres humanos.

O câncer é contagioso?

Não, em geral. O câncer não é contagioso em situações normais. Uma das duas situações em que um câncer pode ser transmitido de uma pessoa para outra é por meio do transplante de órgãos. Uma pessoa que recebe um órgão de um doador que tinha câncer no passado pode ter um risco aumentado de desenvolver câncer no futuro (cerca de 2 casos para 10.000 transplantes). Por isso, evita-se o transplante de órgãos de doadores que tiveram câncer. Outra situação possível, com raros relatos na literatura médica, é a transmissão vaginal de câncer de colo de útero de mãe para filho.

Importante destacar que alguns tipos de câncer podem ser causados por vírus (exemplo, HPV) ou bactérias (exemplo, Helicobacter pylori). No entanto, embora os microorganismos sejam contagiosos, o câncer que eventualmente eles causam não o são.

A mente (pensamento, sentimento, emoção) influencia o risco de ter câncer?

Não. Não há evidência científica que mostre de maneira convincente que os pensamentos, os sentimentos ou as emoções alterem o risco de desenvolver o câncer ou morrer por câncer. No entanto, a maneira de lidar com o estresse pode afetar a saúde de maneira geral. Assim, pessoas com atitudes mais positivas frente aos problemas e contratempos tendem a adotar um estilo de vida mais saudável.

Mexer no câncer por meio de biópsia ou cirurgia faz ele se espalhar?

Não, em geral. Todo procedimento médico possui risco, como sangramento e infecção. A biópsia é um procedimento fundamental para se fazer o diagnóstico de câncer e poder trata-lo. O risco de disseminação do câncer no trajeto da agulha é baixíssimo, e seu benefício supera o risco.

O mesmo se aplica à cirurgia, que é um procedimento muitas vezes essencial para o tratamento do paciente com câncer. A chance de a cirurgia espalhar o câncer durante o procedimento é baixíssima, uma vez que o cirurgião utiliza técnicas durante o procedimento que minimizam esse risco.

Telefone celular causa câncer?

Não. Até o momento, não há evidencias científicas convincentes de que o uso de telefone celular cause câncer. Os telefones celulares emitem uma radiação de baixa frequência incapazes de causar alterações nos genes.

Linhas de transmissão de energia elétrica causam câncer?

Não. Até o momento, não há evidência científicas convincentes de que as linhas de transmissão de energia elétrica causem câncer. Essas linhas de transmissão emitem energia elétrica e magnética. A energia elétrica emitida pelas linhas de transmissão é facilmente enfraquecida por paredes e objetos. A energia magnética emitida pelas linhas de transmissão não danifica os genes.

Existem produtos naturais que causam o câncer?

Não. Nenhum produto a base de erva tem se mostrado efetivo para tratar o paciente com câncer. Alguns inclusive podem ser prejudiciais se tomados com quimioterapia ou radioterapia por interferir com o efeito desses tratamentos. Estudos sugerem que alguns tratamentos complementares ou alternativos, incluindo a base de plantas, podem ajudar os pacientes a lidar com os efeitos colaterais do tratamento. No entanto, os pacientes devem sempre consultar seu médico sobre qualquer produto complementar ou alternativo que queiram usar.

Se alguém na minha família tiver câncer, é provável que eu tenha também?

Não necessariamente. O câncer é causado por alterações prejudiciais nos genes, o que chamamos de mutações genéticas. Na maioria dos casos, cerca de 90 a 95%, essas mutações genéticas são adquiridas ao longo da vida como resultado natural do envelhecimento e da exposição a fatores de risco ambientais. Este é o chamado câncer esporádico.

Apenas cerca de 5 a 10% dos cânceres são causados por mutações genéticas que são herdadas, ou seja, transmitidas de pais para filhos. Em famílias com mutação genética herdada causadora de câncer, vários membros da família desenvolvem o mesmo tipo de câncer. Este é o chamado câncer hereditário ou familial.

Se ninguém na minha família teve câncer, eu estou livre de câncer?

Não. O câncer é uma doença muito comum. Estima-se que 1 em cada 2 homens e 1 em cada 3 mulheres desenvolveram algum tipo de câncer ao longo da vida, o que equivale a cerca de 38% das pessoas. Então, a incidência de câncer na população é alta.

Além disso, cerca de 90 a 95% dos casos de câncer são causados por mutações genéticas que ocorrem ao longo da vida da pessoa como resultado natural do envelhecimento e da exposição a fatores de risco ambientais. Então, qualquer pessoa possui o risco de desenvolver um câncer, mesmo que não tenha um familiar conhecido com o diagnóstico da doença.

Desodorantes, antitranspirantes ou antiperspirantes causam câncer de mama?

Não. Até o momento, não há evidência científica convincente de que desodorantes, antitranspirantes ou antiperspirantes causem câncer de mama.

Tintura para cabelo aumenta o risco de câncer?

Depende. Até o momento, não há evidência científica convincente de que o uso pessoal de tintura para cabelo aumente o risco de câncer. No entanto, existem estudos que sugerem que cabeleireiros que são regularmente expostos a grandes quantidades de tintura para cabelo e outros produtos químicos possam ter um risco aumentado para câncer de bexiga. Portanto, a exposição ocupacional à tintura para cabelo é considerada provavelmente carcinogênica para humanos.

 

Dr. Rodrigo de Assis Moraes

Médico Oncologista Clínico

CRM-SP 124.668 | RQE 44.725

 

Última atualização: 06/04/2022

 

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Dr. Rodrigo de Assis Moraes
Oncologista Clínico em
Campinas - SP

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Médico Oncologista Clínico em Campinas - SP com a missão diária de ajudar as pessoas no enfrentamento do câncer e contribuir para a promoção da saúde e do bem estar.

Graduação e residência médica pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, com estágio na Mayo Clinic nos EUA e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Associação Médica Brasileira.

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